Dicas sobre comunicação
Olá pessoal. Com frequência vou postar aqui no blog e também no twitter, dicas rápidas para que você possa evoluir ainda mais como jornalista ou estudante de jornalismo. São orientações úteis também para aqueles que não são da área da comunicação, mas precisam conhecer e usar estas ferramentas. Espero que estas sugestões possam contribuir com o seu crescimento.
Abraços.
Breve perfil de Marcus Spohr. As dicas estão logo abaixo.
Marcus Spohr é formado em Com. Social - TV e Rádio pela UPF, Com. Social - Jornalismo pela UCPel, Especialista em Administração e Marketing, e Mestrando em Política Social com ênfase na crítica da mídia.
Trabalha há cerca de 15 anos como jornalista. Neste período fechou aproximadamente 9 mil reportagens para emissoras como Rádios Uirapuru e Gaúcha, TVs SBT, Record, Pampa, TV COM, Canal Rural, SporTV, RBS e Rede Globo. Foi âncora do Pampa Meio Dia, Jornal do Almoço e RBS Notícias. Foi um dos repórteres pioneiros na execução de pautas mais descontraídas, quando os padrões eram rígidos.
No principal prêmio de jornalismo do RS e um dos mais importantes do Brasil, ficou entre os dois melhores duas vezes. Participou de inúmeros encontros de jornalismo da Rede Globo, e na realização de cursos da emissora se destacou com o primeiro lugar quatro vezes. Foi também, um dos únicos repórteres da RBS TV a chamar a própria reportagem ao vivo no estúdio do Tele Domingo, quando o espaço aos profissionais do interior do estado era muito restrito.
Migrou por todas as editorias do jornalismo: de reportagens investigativas para o Jornal da Globo, passando por matérias curiosas para o Globo Esporte, até as reportagens históricas como a revelação de uma família, onde os filhos se movimentam como quadrúpedes, mantida em segredo por mais de 40 anos. Reportagem, que desmentiu a informação dada pela BBC, quando a emissora internacional caracterizou como único, o caso de uma família que tinha a mesma característica na Turquia.
Nas assessorias de comunicação, atendeu e/ou atende projetos importantes, como o DNIT (Governo Federal), na duplicação da BR 392.
Hoje se dedica a educação de futuros jornalistas, como coordenador de telejornalismo da TV UCPel/Canal Futura.
Já atuou em praticamente todas as áreas da mídia (impresso, Rádio, TV, Web), o que lhe proporciona a realização de assessorias de comunicação, além de ministrar cursos de media training e treinamentos de negociação e comunicação interpessoal. Para os futuros jornalistas realiza cursos específicos de texto, produção, interpretação e postura corporal e vocal.
Dicas:
35) TV: Jornal de início da noite. Não entendo como erros básicos são cometidos em praticamente todas as notícias. Ex: no texto que chamou a reportagem (cabeça), a apresentadora disse: "o carro pegou fogo". Daí entrou a reportagem, e nela foi informado que o carro foi incendiado. Quem está dando a informação correta? A apresentadora ou a repórter? O carro pegou fogo ou foi incendiado? Pior que isto, é que este tipo de erro é rotineiro, o que evidencia a falta de apuração e principalmente a falta de comunicação entre apresentadores e repórteres.
34) Boa noite e obrigado, são termos que devem ser usados quando existe uma interação ao vivo na TV. Por exemplo: quando o apresentador chama um repórter que está na rua. Neste caso, eles podem se saudar no início e no fim da conversa. Mas o que tem ocorrido (e acabou de acontecer em um telejornal de uma emissora referência no estado), é que esta saudação está sendo feita também quando o repórter não está ao vivo, mas sim fez uma gravação. A intenção, me parece, que é dar a entender para o telespectador que a entrada do repórter não foi gravada, que está sendo feita ao vivo. Se este for realmente o objetivo, é mais um fato lamentável, mais uma falta de compromisso com o telespectador.
33) Não quero aqui dar um de bom samaritano. Bem ao contrário, esta reflexão também vale pra mim. Muitas vezes “sensacionalizei” fatos sem necessidade. Mas me chama a atenção, que mesmo com a (in)evolução nos formatos dos telejornais, algumas “regras” permaneçam. (Basta alguém começar a chorar, para que a lente da câmera feche no rosto).
Um exemplo foi a reportagem exibida hoje por um telejornal no horário do meio dia. A imagem fechada no rosto da criança, dando destaque para as lágrimas.
A reportagem mostrou o drama de uma família, que sem dinheiro, não tinha condições de comprar um caixão para enterrar o pai.
Daí me pergunto: “bah, a história já é forte por si só. Os depoimentos da mulher e dos filhos (crianças) da vítima já são fortes o suficiente. Será que nestes casos é necessário usar imagens fechadas do rosto da criança chorando? Será que não está aí, exatamente, o limite entre o “bom e o mal senso”?
Que não é fácil mudar, eu sei. Muitas vezes se o cinegrafista deixa de fazer esta imagem, ou o repórter deixa de escrever sobre o choro, a cobrança do editor é forte. Mas mesmo assim...
Tem também o outro lado. Muitos telespectadores querem ver exatamente isto: o choro, o drama, o tiro, a briga, etc...
Posso estar errado, mas mesmo assim, a reflexão é válida: Que jornalistas estão sendo formatados pelas emissoras? E que sociedade está sendo formada com este formato de jornalismo?
32) Na comunicação interpessoal, muitas vezes é fundamental estabelecer uma fala direta. Com a correria diária, muitos não tem tempo para “rodeios”. Assim, tirar o caráter formal e ser informal, pode facilitar a conversa e reduzir drasticamente o tempo da conversa. Ou seja: usar termos simples e coloquiais ajudam no entendimento da mensagem. Isto vale também para o telejornalismo. Nele, ao selecionar as palavras e as informações mais importantes, conseguimos reduzir o tempo da notícia. Ao tirar o caráter formal (release) e deixar o texto mais informal, a redução também é significativa. Outra dica: abuse dos pontos finais. Quanto mais curta for a frase, mais clara ela vai ser. Outro benéfico da frase curta é a sobra de tempo para outras notícias. Quero dizer com isto, que se você conseguir reduzir os textos do espelho do telejornal em 5 segundos, cada um deles, no final você terá 40, 50 segundos ou mais. Estes 40 ou 50 segundos, são suficientes para dizer que o mundo vai acabar. 40, 50 segundos é muito tempo para a comunicação. (Mas atenção: existem momentos em que a comunicação formal é fundamental. É preciso saber identificá-los).
31) Nada de novo. Mas sempre é bom relembrar algumas coisas. Chamar as pessoas pelo nome, é uma boa forma de criar empatia. Seja com seu entrevistado ou fonte, comprador ou vendedor, não deixe de chamá-lo pelo nome.
Se for um desconhecido, ainda mais surpresa a pessoa ficará. Então, se tiver a possibilidade de descobrir o nome da pessoa, antes de encontrá-la não desperdice a oportunidade. Informe-se com alguém que conheça a pessoa, e não esqueça: todos temos nome, sobrenome e função. Mesmo que no tratamento informal, o uso do sobrenome e a função não sejam corriqueiros, tente descobrir estes dados. Imagina você chamar pelo nome o seu futuro contratante, mesmo sem nunca ter encontrado ele. Ou então chamar pelo nome um cliente que pela primeira vez está sendo atendido por você. Ou ainda, chamar pelo nome e função um entrevistado que nunca teve contato com você: "boa noite professor fulano de tal. É um prazer conversar com o senhor".
Pode parecer, e até mesmo ser uma dica muito básica. Mas será que colocamos ela em prática? Será que estamos preocupados em saber quem são as pessoas? Ou será que as frases feitas (tudo bom com você? Prazer te ver! E daí meu, beleza? Fala cara!) são as mais usadas na sua rotina? Será que a dica básica, é tão báscia assim? Tomara que sim. Neste caso, suas negociações de qualquer "coisa" devem estar sendo mais eficientes. Mas apesar disso, a sugestão é importante: vale sempre lembrar.
30) Ação e reação: antes de falar e/ou escrever reflita. Antes de dar uma resposta, pense bem. Na comunicação, não podemos agir e reagir sem pensar nas consequências. Uma palavra pode destruir ou construir. E isto vale para o jornalismo e para qualquer relação. Seja num OFF de TV, na escrita de um lide de jornal, numa fala de rádio, em uma entrevista, na conversa com o editor, na negociação de um produto, na compra ou venda de uma idéia, ... O grande desafio é conseguir pensar, repensar, refletir, pensar de novo e de novo. Se conseguirmos fazer isto, nossas ações e reações comunicacionais vão dar melhores resultados e causar danos menores. Mas não é fácil. Não mesmo. Como pensar, manter a calma, dar respostas coerentes em uma discussão acalorada? Não tem receita. Como sugestão, respire fundo, não altere a voz, ouça mais e fale menos. Quanto menos você falar, maiores as chances de falar bem, e menores as possibilidades de entrar em uma discussão irracional. Escute o outro, e no momento certo, com as idéias ordenadas responda a cada uma das “acusações” de forma coerente. Quem se altera, geralmente perde a razão. Quem perde a razão, geralmente está errado. Se a discussão se der em uma reunião, anote as acusações feitas contra você, e na sua vez de falar pondere (responda) com tranqüilidade, cada uma delas. Não quero dizer com isto, que devemos ficar calados diante de acusações, principalmente quando elas são injustas. Devemos ter bom senso. Reagir mais forte quando necessário, é importante, mas sem perder a razão. Neste sentido, se você está ciente que tem razão, que não fez nada de errado, e que as acusações não são verdadeiras, o melhor é manter a calma e colocar o acusador no lugar dele pouco a pouco. Por outro lado, se você estiver errado, se fez o errado, se está sendo acusado por algo que fez, cuidado. Neste caso, é preciso ter ainda mais serenidade.
29) No jornalismo (e também em outras áreas da comunicação), o produto final é o resultado da escolha do processo comunicacional. As técnicas escolhidas para a realização de uma reportagem (produção, apuração, linha editorial), definem o resultado da pauta. Assim, se você quiser que suas pautas sejam diferentes, utilize as técnicas de forma diferente:
-produza com maior profundidade, buscando histórias diferentes, personagens diferentes, pessoas que possam revelar histórias incomuns;
-apure com maior rigor, não aceitando as respostas como elas chegam até você;
-entreviste as respostas e os números: será que a resposta dada por uma determinada pessoa representa a verdade (mesmo que verdade absoluta não exista)? A resposta dada, pode ser reinterpretada? O que no fundo aquela pessoa quer dizer?
-O que os números de uma pesquisa querem dizer? Os números revelam muitas coisas, mas para isto precisamos humanizá-los. É interessante pegar estes números e buscar casos e pessoas que se enquandrem nestes dados. E será que o destaque destes números revela o principal gancho jornalístico? Os números podem dizer que o desemprego diminuiu, mas também podem dizer que milhões de pessoas ainda estão desempregadas. Cuidado com as manchetes e os destaques dados aos números. Eles podem "mentir".
-Fuja do lead (lide) tradicional, e tente responder também pra quem se destina sua pauta.
-Tente responder ainda o "E daí?". Neste caso, sempre se questione: "tá, mas e daí? Qual o resultado desta minha pauta? Qual o reflexo dela? Qual o problema ou benefício para as pessoas?"
28) Nos textos de televisão e nas conversas diárias, use frases curtas e simples. Elas possibilitam um maior entendimento da mensagem, e não deixam a reportagem e a conversa cansativas. Ninguém consegue prestar atenção durante muito tempo num interlocutor cansativo, que fala demais, que não sabe ordenar as ideias. Então: abuse dos pontos finais e das frases curtas. Use palavras simples e curtas. Isto vale para os textos de tv, e também para a sua rotina diária.
27) Desde que saí da RBS, onde a rotina, a correria e os factuais muitas vezes não permitiam uma elaboração mais detalhada e cuidadosa dos textos, comecei a buscar novas referências para poder aprimorar as questões jornalísticas (já que na coordenação de jornalismo de uma TV Universitária, onde estou hoje, os alunos precisam de um suporte diferenciado, para que sejam profissionais mais capacitados). Neste sentido, a sugestão de hoje parte de uma constatação. É impressionante como os repórteres usam muitas palavras e expressões erradas. Assim, a recomendação passa obrigatoriamente pela leitura de livros e dicionários.
Um erro que tenho observado bastante é o uso da palavra “REVERTER”. Ela é usada, por exemplo, no esporte. No jogo desta semana pelo Campeonato Brasileiro, o narrador e também o repórter falaram algo do tipo: “o time volta para o segundo tempo querendo REVERTER o placar”. Escutamos esta expressão também em matérias econômicas. Ex: o Brasil quer REVERTER os problemas da crise. No entanto, o uso do REVERTER está completamente errado. REVERTER, significa voltar ao que era antes. E convenhamos, se o placar do jogo está dois a zero, é impossível reverter este placar (é impossível voltar ao zero a zero). Mesmo que o outro time consiga empatar e virar o jogo, não existe uma reversão de placar, o que existe é uma INVERSÃO. Então, o correto é usar “INVERTER”. Ou seja, o time quer INVERTER o placar e não REVERTER. Esta história de REVERTER crise, REVERTER o placar não existe. O correto é INVERTER.
E este é apenas um exemplo. Num mesmo telejornal, se observarmos com atenção, cerca de 30, 40 palavras são usadas de forma equivocada.
26) Um telejornal é feito com informações acompanhadas de imagem e som. Mas o que anda acontecendo ultimamente em alguns telejornais não é compatível com o momento “profissional” que o jornalismo exige. Neste sentido, valorize o sobe som e a sonorização das reportagens (mas sem exageros). Dê importância para as questões técnicas ligadas a qualidade da imagem e do áudio (seja o microfone do repórter, do apresentador, o sobe som, etc...). Estes detalhes representam informação e, informação de qualidade deveria ser o “negócio” dos telejornais. A informação não está somente no texto, nas sonoras (entrevistas), ela está também no som e nas imagens. Jornalista e outros profissionais de TV que não sabem ou não conseguem dar conta deste “detalhe”, não podem ser considerador bons profissionais.
25) Dando continuidade ao comentário 24, é importante observar que as emissoras estão usando muito o chamado “vem comigo” (quanto o repórter abre a matéria em forma de boletim, mostrando o fato, no local onde ele aconteceu, dando as informações), e isto se repete no decorrer da matéria, com a entrada do repórter duas ou três vezes, fugindo assim da forma tradicional de uma matéria de TV. Esta é uma tendência que vem se desenhando há vários anos. Mas da forma repetida como está sendo executada (hoje no mesmo telejornal 6 repórteres fizeram a mesma coisa), vai se tornar cansativa em pouco tempo. Neste sentido, volto a fazer uma pergunta: será que esta é a forma do novo telejornalismo? Concordo que em alguns casos os “vem comigo” funcionem bem, mas também defendo que um meio termo na nova forma de fazer telejornal deve ser buscado. Assim, finalizo dizendo que: “se a forma como o telejornalismo estava sendo feita é ultrapassada, devemos sim buscar uma nova alternativa. Mas na minha opinião, a alternativa não é esta que estamos vendo nos último meses. Acredito que um meio termo será buscado, entre a receita antiga e aquela que hoje estamos vendo”.
24) Será que este é o novo jornalismo que as pessoas gostariam de ver, ler e escutar? Tenho observado bastante a programação das emissoras de TV abertas no Rio Grande do Sul nas últimas semanas e, comparando as abordagens feitas. Entre as conclusões está a visível valorização do “jornalismo/entretenimento. Reportagens e apresentação onde as informações são secundárias e, o “lúdico” passou a ter mais valor. Quem sou eu para criticar o novo formato (padrão em praticamente todos os telejornais que vão ao ar no horário do meio dia), mas cabe pelo menos três perguntas. Será que este é o caminho? Será que nivelar por baixo, na busca de audiência e assim do retorno financeiro é o mais importante? Será que não existe diferença entre inovação e INOVAÇÃO?
23) Outra observação importante, dando sequência ao tópico 22, é que não basta mais produzir informação somente para um tipo de veículo. O repórter deve saber como comunicar para rádio, TV, impresso, web, etc... Os veículos estão cada vez mais enxutos. O que antes era feito por 4 repórteres, hoje é produzido por um ou dois. Não tem mais o repórter de TV. Tem o de TV, que é o mesmo da rádio, o mesmo do impresso. É claro que precisamos nos especializar em um destes. Mas pelo menos saber fazer os outros, é fundamental.
22) A produção de informações intangíveis, líquidas, sensacionais e descartáveis está com os dias contados no jornalismo educativo (e também estará num futuro próximo no jornalismo comercial). Cada vez mais as pessoas exigem programações diferenciadas e notícias com informações de verdade, que possam ser úteis para o dia-a-dia da população. Não basta apenas noticiar é preciso contextualizar e fazer a diferença.O factual da forma como é feito, não tem mais a mesma importância, pois este, pode ser buscado por quaquer pessoa. Basta um celular com câmera. Assim, os fatos factuais devem ser pensados como pano de fundo para uma informação mais abrangente e contextualizada. E esta tendência jé está sendo debatida por um grupo de jornalistas e pesquisadores. Eu estive numa reunião com vários diretores de TVs Educativas em Caxias do Sul esta semana (06-10-10), onde pude pontuar algumas coisas neste sentido. O diretor da TV Futura (RJ) também participou. E numa visão mais macro, ele também defende esta tendência. Por isto, repense a forma de fazer jornalismo.
21) Ter convicção ao falar é fundamental para o sucesso da comunicação. No debate eleitoral da Globo por exemplo (30-09-2010), mesmo com alguns entraves normais do ao vivo, o mediador William Bonner não deixou aparente estes "problemas". Agir com naturalidade diante do erro, faz com que ele (o erro) seja minimizado. Assim, nunca faça que o seu erro fique ainda mais aparente ao falar em público, apresentar um telejornal, convencer alguém, etc... E quanto a convicção, nunca participe de um debate (eleitoral ou não) sem conhecer os assuntos e supostos assuntos que possam surgir. O desconhecimento leva ao descontrole emocional, incoerência nas respostas e o fracasso da comunicação. Isto vale também para as entradas ao vivo dos repórteres. Domine o assunto. Entenda o que você está falando e, não se preocupe apenas com as palavras. A fisiologia do corpo e a forma como você fala também são determinantes (assunto para a próxima dica).
20) Não deixe seu editor esperando por informações. Sua pauta pode cair pela falta de informações repassadas para ele. O editor precisa estar por dentro do andamento da pauta. Entre as informações que devem ser repassadas rapidamente, ao se chegar na redação, esta a sugestão de cabeça. O editor precisa saber qual foi o direcionamento que foi dado para a pauta, para definir onde a reportagem será colocada, qual a ordem, etc...
19) Todos os dias nossa profissão exige decisões. Antes de definir, coloque no papel os pontos positivos e negativos. Compare-os. Não defina nada de forma precipitada. Isto vale também para as informações que divulgamos. Não noticie nada sem conferir os dados, sem ter certeza. É claro que neste caso você corre o risco de ser "furado" por outro veículo. Por isto, tenha boas fontes, uma agenda com nomes e dados de quem possa esclarecer suas dúvidas. Quanto mais e melhores fontes você tiver, mais rápida a confirmação das informações e, mais eficiente você será como jornalista.
18) Um dos maiores erros de alguns jornalistas é generalizar a informação. Por falta de dados ou acomodação (ele não está disposto a perder tempo pesquisando), este chamado jornalista prefere dizer por exemplo: dezenas de pessoas participaram do evento x. No entanto, ele poderia apurar esta informação e, dar o número exato de participantes. Este jornalista generaliza também, quando diz que um determinado evento é o maior do gênero da região/estado/país/..., ou ainda quando diz que segundo os pelotenses (por exemplo) um determinado problema não tem solução. Pense comigo. Baseado em que estatística ele pode dizer que é o maior evento? Ele tem uma pesquisa que comprova isto, uma entidade respeitada que atesta isto? Ou ele parte de uma opinião própria ou dos organizadores do evento? E baseado em que pesquisa ele pode dizer que o pelotense pensa desta ou daquela forma sobre determinado assunto? Se ele diz que é o pelotense que pensa assim, esta afirmando que todos tem esta opinião. Será? Será que ele falou com todos os pelotenses, ou com alguns? Por isto, pesquise. Não se acomode. Não generalize.
17) Se uma reportagem sua for derrubada, isto não significa que seu editor está menosprezando seu trabalho ou lhe perseguindo. Muitos motivos podem derrubar uma pauta. É fundamental que você os entenda, antes de "cobrar" qualquer coisa. Uma reportagem pode ser derrubada por falta de tempo, para lhe preservar (no caso de alguma coisa que não tenha ficado bem), etc... Minha primeira experiência de reportagem derrubada, além de me preservar (a reportagem não condizia com a qualidade que o Jornal do Almoço estadual exigia na época - início dos anos 2000), prorcionaou também que eu me qualificasse. Na hora não entendi, mas depois que começei a entrar quase que diariamente nos jornais estaduais ou nacionais, compreendi que se eu não tivesse sido corrigido, eu teria perdido a oportunidade de me qualificar.
16) Antes de criticar uma decisão editorial de seu editor, coordenador, ... entenda os motivos que levaram ele a tomar a decisão. Se você não conhece a linha editorial de sua empresa, programa, etc... não critique. Uma crítica precisa ter suporte e conhecimento, caso contrário ela será vista como uma posição equivocada de quem desconhece o perfil da empresa, programa, etc... E desconhecer este perfil é o mesmo que não saber o motivo do seu trabalho. Ou seja: quem desconhece a linha editorial do tele(jornal), não tem condições de escrever uma notícia para o mesmo.
15) Com a evolução da tecnologia e a revolução das informações (que chegam cada vez mais rápidas em todos os lugares), não basta apenas noticiar os fatos, é preciso ir além. Imagens de um acidente, de uma árvore caída, de algo factual são registradas e publicadas/veiculadas por pessoas "comuns". Basta um celular e um blog por exemplo. Neste sentido, o desafio do jornalista é abordar os fatos com uma visão mais aprofundada, mais elaborada. Não basta mais ser um jornalista do factual, é preciso aumentar nossa percepção dos fatos e noticiar informações mais profundas.
14) Cuidado com as pessoas que se oferecem como fonte de reportagem. Fonte que é fonte, não precisa se oferecer, ela é lembrada como tal.
13) Sempre que possível humanize a sua pauta. Coloque pessoas, exemplos, cases em sua reportagem. Muitas vezes pode parecer desnecessário, mas tente buscar uma alternativa. Um bom exemplo de humanização de pauta é a realização de enquetes (fala povo). As pessoas gostam de "se ver na TV". Gostam de opinar. E a opinião delas reflete a opinião de centenas, milhares, milhões de pessoas. O problema de um, geralmente é o problema de muitos. Ex: falta de água, luz, educação, saneamento, saúde. Assim como a alegria de alguns, representa a alegria de muitos. Fale com as pessoas.
12) Organize a sua pauta. Pense nos dados importantes para o assunto, estude-os. Marque as entrevistas (sonoras) levando em consideração o tempo de deslocamento. E ainda, pense e entenda a melhor proposta, a melhor forma para a condução do vt. Entender a proposta da reportagem, pode determinar o sucesso da pauta.
11) Outra dica que complementa a orientação (10), é a leitura em voz alta do seu texto. Ao lermos em voz alta (e não somente mentalmente), ativamos nossa percepção auditiva, o que melhora a capacidade de visualizarmos erros no texto e na forma como retratamos o fato.
10) Se você ficou em dúvida sobre alguma coisa que escreveu, reescreva antes de noticiar. Se você como jornalista não entendeu direito, aquele que vai ler ou escutar a informação, ficará mais perdido que você. Jamais noticie alguma coisa de forma confusa ou duvidosa. Não deixe seu leitor e principalmente seu ouvinte e telespectador em dúvida. Parte de uma informação não compreendida, pode significar a incompreensão total da notícia. Muitas vezes basta inverter a frase ou deixar na ordem direta para que a notícia fique clara.
9) "O telefone tocou na redação. Eu levantei da cadeira, fui até o aparelho e atendi. No outro lado da linha estava a sugestão de pauta da minha vida. Dias depois, a sugestão se tornou uma das reportagens mais importantes que já fiz. Deu rede nacional. Jornal da Globo. Depois daquele dia, eu sempre digo aos futuros jornalistas que oriento: 'a pauta da tua vida pode estar no outro lado da linha. Atende o telefone'. É claro, a maior parte das ligações não é importante, mas entre tantas, uma com certeza, em algum momento vai ser".
8) "Mesmo na verdade, existe uma mentira e uma nova verdade. O teu papel como jornalista é exatamente mostrar as diferentes verdades de um mesmo fato. O que é verdade para um, pode ser mentira para outro. Por isto, o jornalista precisa ter uma percepção diferenciada das "coisas". Você tem o dever de apurar todos os lados de um fato. E são muitos. Pelo menos dois".
7) "Não deixe para finalizar uma matéria no dia seguinte. Faça de tudo para acabar ela no mesmo dia. Pautas que são prorrogadas acabam muitas vezes caindo por algum motivo (no caso de tv, podem ter perdido a fita, apagado as imagens, deletado o projeto da matéria. No caso de tv e outras mídias, o assunto pode ter uma novidade e aquilo que você fez não ter mais validade, outra emissora/jornal pode ter noticiado o fato, etc... ) A exceção neste caso vale para reportagens produzidas. Estas sim, podem levar dias, semanas para a finalização. Mas neste caso são produções jornalísticas".
6) "Por mais simples que um assunto possa parecer, jamais deixe de pesquisar sobre ele. O bom repórter é aquele que se prepara antes de sair para uma pauta. Sim, improvisar é importante, mas improvisar dominando o assunto, é fundamental".
5) "Jamais ignore uma pauta por parecer sem importância. Todos os assuntos são relevantes. O que muitas vezes é preciso, é conhecimento para informar o fato no meio mais eficiente para aquele momento. Ou seja: a notícia pode não interessar ao Jornal Nacional, mas pode ser importante para quem escuta uma emissora pequena de rádio comunitária".
4) “Em uma pauta, converse com pessoas 'comuns'. Na maior parte das vezes elas rendem mais do que as 'chamadas autoridades'. A fonte oficial fala aquilo que para ela é interessante, a fonte 'comum', fala do problema como ele é. Converse com as pessoas sempre. Busque exemplos de quem vive o problema,.Não fique apenas com a versão oficial do fato. Cruze as diferente versões. Coloque-as em choque”.
3) Alguns assuntos serão pautados e re-pautados na sua rotina profissional. Não veja isto como algo negativo... Busque um novo gancho para o mesmo assunto. "Depois de algum tempo, tudo é inédito".
2) O bom jornalista não olha o fato como uma pessoa qualquer. O normal para os outros deve ser anormal para o jornalista... Um menino dormindo na rua por exemplo é normal? Para os outros pode ser, para o jornalista, não... O desafio é fazer a reportagem de uma forma diferente, mesmo num fato “rotineiro”.
1) No telejornalismo, entre duas palavras escolha sempre a mais simples. E entre duas palavras simples, sempre a mais curta. Quanto mais CURTA, mais tempo sobra para uma nova informação. Se você conseguir dar a notícia em um minuto, quando o texto original exigia um minuto e trinta, te sobram trinta segundos para uma nova notícia. Quanto mais SIMPLES, mais objetiva e clara estará a sua informação. E na TV, as informações precisam ser entendidas no momento em que elas são noticiadas.